segunda-feira, 7 de outubro de 2019

VANGUARDA

A Arte de Vanguarda

Noel Nascimento  
A arte de vanguarda originou-se reacionária.
              Pretensa nobreza e artistas  reacionários não se conformavam com o acesso do povo à cultura .Não viam com bons olhos a democratização da sociedade com a revolução industrial e ascensão da burguesia.Queriam diferenciar-se da “multidão vulgar” em meio a qual se sentiam  anônimos,  despersonalizados. Trabalhadores melhoraram de vida, tinham descanso em férias, sábados, domingos , e até faziam excursões . Com tempo livre participavam de esportes, de jogos organizados. Havia conglomerações em toda parte. A partir de l.87O, surgiam associações, clubes, sindicatos, torneios. O fortalecimento dos estados nacionais dependia da educação nas escolas, o povo sabia ler e escrever, publicavam-se livros, jornais e revistas, modernizavam-se os meios de produção e de comunicação.  Acabavam-se os privilégios das “classes altas”.Com os novos ricos e políticos profissionais acima da nobreza decaída, plebeus tornavam-se cidadãos com direitos e freqüentavam os mesmos lugares que elas. Tudo isto explicava o ódio à burguesia e seus novos valores, direitos humanos, liberdade e progresso, tanto quanto à sua arte popularizada, em síntese: o romantismo. Artistas também ciosos de suposta superioridade não podiam perder a identidade, confundidos com a “ralé”.Queriam afirmar a sua ascendência. Homens e mulheres de sensibilidade teriam de admirar apenas o excepcional. Então o uso de drogas, a homossexualidade, tudo seria válido para dela diferencia-los. E para afirmar a superioridade falavam em purificar a nação, pregando o anti-semitismo. 
“É tudo vaidade e aflição de espírito, diz Eclesiastes na Bíblia. Queriam, pois, sobressair-se, o que é comum em nossos dias:“o que foi é o que há de ser”. Então criaram a arte dos indiciados, divorciada do público. No princípio a música sem melodia, os versos sem métrica, rimas e poesia, o romance sem enredo. Experimentos formais enigmáticos, vazios de conteúdo. Uma arte para os “superdotados”, vedada às classes pobres tal como ocorria nos tempos de reis e nobres. Representara reação retrógrada de desprezo à democratização e ao humanismo, enquanto não se evidenciavam as contradições próprias no processo cultural. Já se estendiam ao campo das artes e da literatura, como na História, bem ou mal interpretadas as concepções darwinianas, freudianas e marxistas. Contribuíam para a substituição da crença em Deus pela crença em  super-homens acima do bem e do mal, como de artistas, eles sim destacados das massas, capazes de criar novas realidades. A tal caráter negativo que influiu na arte de vanguarda acrescente-se a idéia das novas doutrinas de supremacia racial e nacional , de legitimidade das ditaduras. As conseqüências vieram com o nazismo, o fascismo e o comunismo de Lênin e Stalin. Apesar disso, logo considerada por Sartre a filosofia insuperável do tempo, o marxismo devido à luta de classes e ascensão do proletariado era uma contradição no processo cultural, uma resistência ao caráter negativo. Realçando como qualidade essencial nas artes o realismo, defendia ao inverso uma arte contrária ao domínio sobre o proletariado, a qual repercutiu positivamente em todo o mundo, ainda que se tornasse facciosa, política.
 Eis a origem e a razão das composições exóticas, algumas vezes até chocantes, ainda em nossos dias como as da “Pop Art” nos Estados Unidos.
 Em relação ao proletariado, a burguesia rica e sua intelectualidade desempenharam papel idêntico ao da aristocracia e a sua intelectualidade.
 Pode-se também compreender o manifesto de Marinetti, pregoeiro fascista a prescrever programa contracultura que originou aos que não o aceitavam a designação de acadêmicos. E por mais paradoxal que se afigure as experiências são sempre válidas, fazem parte do aprendizado para a busca do certo e do novo.
 O romantismo rompera com os padrões clássicos e dera maior liberdade aos artistas precedendo as artes de vanguarda, mas estas engrossadas por tantas vertentes em seu percurso, como afluentes, deixando às margens o entulho, ainda que conservando contradições, desaguaram no grande e caudaloso Modernismo. Então as conquistas formais e a liberdade aos artistas não tiveram mais limites. O realismo como em todos os tempos e escolas foi e é o divisor das águas entre o positivo e o negativo. Havia razões na posição formalista, no cubismo, no abstracionismo, no surrealismo. Ainda que se considerassem autônomos em relação à sociedade, não o eram! Essas e outras concepções semelhantes só fazem esplender ainda mais o real e o humano como princípios eternos da arte. O realismo deixa de ser restrito a representações naturalistas. Reconhece a existência de liames verazes com a natureza não só na intuição, mas nas emoções, no imaginário e até no fantástico.Um realismo artístico ainda, lógico pelo nexo de causalidade, inspirado, dependente de talento. Não fora tal compreensão não se poderia falar em ficção e poesia realistas. Não há como negar a importância de Cèzane, crença em mundo transcendente; de Braque, pintura de essências; de Wolfgang Paelen, supressão da perspectiva e horizonte; dos gênios adaptando-se às condições novas, que vencem as barreiras de todas as correntes. Certamente a fantasia não significa de todo um rompimento com o real e o humano. O que não se pode concordar é com a negação do conhecimento, do mundo objetivo e a exclusão dos sentimentos. Afinal, quanto mais uma arte procurar afastar-se do real e do humano, considerando-se autônoma, debilitando-lhe os liames, revela seu caráter reacionário, decadente.
 Belo exemplo positivo é o de Picasso. Não bastasse a apreensão das características permanentes em suas figuras, com seu talento expressa em “Guernica”, no mais formidável realismo, o horror da guerra, mais do que a cidade destruída, a dor, a desolação, a própria guerra. Dá formas a um conteúdo de razão e emoções, de revolta, tudo calado em seu espírito, numa catarse materializado na obra.
 Mudara muito o mundo no período das grandes guerras do século XX, culminadas com hecatombes como a de Hiroshima. Já estavam em voga idéias liberais, cientismo na poesia e no romance, novos processos de crítica e história literária, alterações na lingüística, No entanto, o capitalismo gerara a corrupção também na área cultural.  Tudo parece ter preço quando o valor absoluto é o dinheiro. Intelectuais tentavam deter o avanço das classes trabalhadoras através de obras simplesmente alienantes ou de objetivo reacionário.Com o desenvolvimento econômico-social, avanço das ciências e da tecnologia, a massificação atingia índices cada vez mais elevados. Sobrevivera também o romantismo, ainda após as manifestações mais importantes. A massificação alcançara indistintamente os meios artísticos e literários. Tal fenômeno concorria para a popularização e até banalização das artes em ambas correntes estéticas. De um lado, cascata de trovas, sonetos repetitivos, autores maçantes, prosaicos, copistas; de outro, produção em massa de simulacros literários, piadas, tolices, aos milhares as coletâneas de versos sem sentido, quando não oculto para advinha-lo a crítica. Contos e mais contos paupérrimos de conteúdo a pretexto de interesse pelo cotidiano e pela linguagem falada.  Na verdade todos autores apenas de conhecimentos rudimentares sobre a escrita e a poética, menos ainda sobre filosofia e história. Mas tanto uns como outros a repetir as mesmas coisas como os comentários e crônicas que ainda fazem sobre o noticiário da mídia. Ou a procurar notoriedade apelando para temas de violência e erotismo, não amor.
 Coube-nos formular o realismo humanista, que autentica em razão de todos os valores intrínsecos e explica a perdurabilidade de uma obra de arte. Considera natural e necessária a incorporação de pesquisas formais adequadas ao conteúdo. Toda arte é cognoscitiva, realista, e maior quando de exaltação estética. Exemplifiquei-a com Picasso. E’invenção, fruto também de imaginação e emoções, há nela o espírito do artista, a sua realidade íntima, sua visão singular. Pode transfigurar o real para revelar-nos forças que o movem, o poder, o significado, tudo que é. Seu dom é inato e se nos afigura, como a fé, um  conhecimento pretérito e do futuro.
 O realismo humanista aprova estilos de linguagem. As imagens poéticas na escrita são as metáforas, hipérboles, alegorias,  parábolas, símbolos e outras figuras estilísticas nos versos, contos ou romances. As imagens visuais são as do desenho, da pintura, da escultura, e não literárias. Na poesia é imperioso destacar que no verso livre há dependência do ritmo pessoal, inexistente numa grande maioria. Ou de um “eu lírico”que alcance horizontes mais altos.
 
Entre nós, desde as primeiras manifestações predomina a literatura realista, principalmente na prosa. Na poesia, nem tanto quando experimentalistas adotam o pensamento parnasiano de “arte pela arte”.Convém lembrar que o modernismo no Brasil é, antes de tudo, uma revolta justamente contra o parnasianismo.E torna-se necessário ressaltar a afinidade entre o romantismo e o modernismo em torno “de espírito revolucionário”, como afirma Mario de Andrade. E’quem destaca a função social do intelectual, lidera a corrente de artistas participantes buscando na literatura popular, no folclore, na música, na pintura e na língua a identidade nacional. São presentes as obras de Portinari, Di Cavalcante, Goeldi, Anita Malfatti, Augusto Rodrigues, Poty, Dorel. Na música não agrada o atonalismo e a engrandecem Vila Lobos, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Guerra Peixe.
 No Brasil, é vanguarda o modernismo, tem caráter progressista e, sob a influência de Alceu Amoroso Lima, com o seu nacionalismo servindo-lhe de esteio. E’ um grande marco em nossa História.  Houve nesta, todavia, uma lacuna que procuramos demonstrar e reparar quando da publicação do romance “Arcabuzes”. A revolução liderada pela burguesia, das classe urbanas, contra a  monarquia , a aristocracia e o escravismo,pela  República, que  em conseqüência  de uma contra-revolução envolveu a Nação  em sangrenta guerra civil . Fato de maior significação histórica no País, até então ignorado ou omitido por falta de interpretação.
Tanto um conto como “Curiango”, de Afonso Schimite, ou “Cemitério de Elefantes” e “Morte na Praça”,de Dalton Trevisan, revelam o essencial. Pois a excelência de uma obra de arte moderna se reconhece pela exaltação estética na forma correspondente, que é pessoal. Pode inclusive não obedecer limites entre um gênero e outro, com forma apropriada ao assunto. Isto acontece numa verdadeira crítica-poema, por assim dizer, da mais pura exaltação estética do escritor Miguel Sanches Neto ao pintar um painel literário sobre o Aleijadinho e sua obra.
 Procuramos num pensamento brasileiro fundamentar um novo realismo com princípios e valores humanos perpétuos. Achamos que, com o modernismo, sem os preconceitos da decadente nobreza e artistas reacionários do século XIX, que desprezavam o povo, há sim uma arte de vanguarda. Os autores voltam-se para a vida, para o social, para o real e o humano, expressando-se em suas obras. Não são iniciados em artes ocultas para se diferenciarem julgando-se superiores. Amam e valorizam o próximo, dando substância à arte de vanguarda.

PROPOSTA DE REDAÇÃO





ESCOLA _________________________________________
SÃO LUÍS, ____DE AGOSTO DE 2019.                                                         NOTA:        
ALUNO (A) ________________________________________________________
PROFESSOR (A): EDWILSON BEZERRA
PRODUÇÃO TEXTUAL  – 3º BIMESTRE - REDAÇÃO
Note que a criança, autora do TEXTO I, expôs a opinião dela acerca do tema "televisão" por meio de argumentos simples do seu dia a dia. Você, também, deverá criar, agora, o seu texto com o tema " A TELEVISÃO".  Dê um título, faça a introdução( com três ou quatro períodos), o desenvolvimento (com dois ou três parágrafos) e uma boa conclusão. 
Obs. Não faça uso de repetições. Lembre-se dos elementos referenciais trabalhados em sala de aula.


TEXTO I - TELEVISÃO
Televisão é uma caixa de imagens que faz barulho.  Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças para frente dela. O que eu gosto mais nesse meio de comunicação são os desenhos animados de bichos. Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente querendo imitar gente, como nas telenovelas.
Não gosto muito de programas infantis com gente fingindo ser criança. Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade com meus amigos e amigas.
Hoje as crianças não gostam mais de brincadeiras sadias, como pega-pega, rouba bandeira, chuta lata, brincadeira de roda e tantas outras que fazem bem à saúde. Elas preferem jogos violentos, que mais tarde, vão ajuda-las a serem pessoas más.
As crianças precisam ver o que é bom para elas. A partir disso, devem procurar mudar os seus hábitos, não acha? Outra coisa que as pessoas adoram é ver na televisão propagandas de doces. Todos sabem que não tem gosto de nada, pois não podem comê-los, porém adoram olhá-los. Coisa de louco, não é?
Mas os doces que minha mãe faz são gostosos. Eu os como todos os dias. Esses sim são gostosos.  A vida, portanto, fora da televisão é melhor do que dentro dela. Viva a vida! Brinque de brincadeiras sadias.

PAES, J. P. Televisão. In: Vejam como eu sei escrever. 1. ed. São Paulo, Ática, 2001, p. 26-27.


.TEXTO II 

 

TEXTO III
Segundo os resultados apresentados na revista médica Pediatrics, as crianças que veem menos de duas horas à televisão por dia na infância, não aumentam seu risco de sofrer transtornos de atenção na adolescência. Mas a partir da terceira hora, o risco aumenta cerca de 44% por cada hora adicional que se passa cada dia diante da TV. “Os efeitos foram especialmente encontrados em crianças que assistiam à TV mais de três horas diárias”, destaca Hancox. Crianças pequenas que passam mais de duas horas por dia assistindo à televisão correm duas vezes mais risco de desenvolver asma, de acordo com um estudo britânico publicado na revista de medicina respiratória Thorax.  Os cientistas dizem, contudo, que o problema se deve menos à TV em si e mais ao estilo de vida sedentário ligado ao hábito de assisti-la.

Vilma Medina – Diretora de Guiai infantil.