sexta-feira, 23 de agosto de 2019

UM ESTUDO SEMÂNTICO/LEXICAL DA LINGUAGEM DA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO




                                        CENTRO DE ENSINO ATENAS MARANHENSE
FACULDADE ATENAS MARANHENSE- FAMA
CURSO DE LERAS DE LÍNGUA PORTUGUESA




EDWILSON BEZERRA COSTA








 UM ESTUDO SEMÂNTICO/LEXICAL DA LINGUAGEM DA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO







São Luís,
2013






EDWILSON BEZERRA COSTA







 UM ESTUDO SEMÂNTICO/LEXICAL DA LINGUAGEM DA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO



Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Letras da Faculdade Atenas Maranhense, como requisito para a elaboração do trabalho de conclusão de curso.
Orientadora: Profª. Zuleica de Sousa Barros



São Luís
2013


 
1.      CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
A natureza desta pesquisa constitui-se no exercício de analisar a língua de especialidade da Polícia Militar do Maranhão, compreender os termos específicos dessa variação intrínseca e social, saber o porquê de usar uma linguagem técnica dentro do comando militar e, principalmente, investigar se essa linguagem é usada por todos os departamentos do comando militar.

1.1  Tema
Um estudo semântico/lexical da linguagem da Polícia Militar do Maranhão.

1.2  Problema
Percebe-se que a variação lexical sempre foi inerente a Polícia Militar, isto é, própria, da comunidade, principalmente ao relacionamento entre indivíduos, pois se trata de uma língua viva, que a cada momento renova-se e amplia-se, tanto como unidades lexicais mais gerais, conhecidas pela maioria dos falantes, como com unidades mais específicas a um domínio.
A partir dessas ideias questiona-se: existe uma língua de especialidade na Polícia Militar? Há termos e estrutura de língua comum presentes na linguagem da Polícia Militar? Há variação na linguagem dos policiais militares?

1.3  Hipóteses
·         Existe língua de especialidade na Polícia Militar do Maranhão.
·         É possível verificar uma variação linguística na linguagem utilizada pela Polícia Militar do Maranhão.

2.      OBJETIVOS

2.1.Geral
·         Conhecer a língua de especialidade da Polícia Militar do Maranhão, analisando a estrutura e os termos que a compõem, por meio da elaboração de um glossário sistemático.

2.2  Específicos
·              Identificar a língua de especialidade presente na Polícia Militar do Maranhão;
·              Analisar a estrutura e os termos da língua de especialidade da Polícia Militar do Maranhão;
·              Conhecer a variação terminológica da Polícia Militar do Maranhão;
·              Elaborar um glossário sistemático.

2.3   Justificativa
O léxico da língua portuguesa, como de toda língua viva, está sempre sofrendo variações, seja por meio de construções de palavras da própria língua, atribuições de novos significados ou importação[1]. Porquanto, para incorporação de palavras novas, o léxico tem que dispor da construção de outras palavras da língua ou de novos significados.
Logo, a presente comunicação vai ater-se a língua de especialidade, da Policia Militar do Maranhão, analisando a sua especificidade, portando como objeto de estudo os termos técnicos científico dessa organização social e militar.
 O projeto surgiu a partir de uma inquietação particular, em querer saber o porquê do uso de uma linguagem específica no meio da polícia militar, mais precisamente, do Policiamento ostensivo[2], por ser uma policia que está diretamente ligada a sociedade.
O projeto servirá como fonte de pesquisa para todo e qualquer estudante que procure analisar ou obter algum resultado sobre a língua de especialidade da Polícia Militar do Maranhão, a partir de um glossário sistemático para estudos afins, demarcando o seu objeto de estudo, o termo técnico científico, como fator crucial dessa linguagem intrínseca e social, onde a pesquisa procurará investigar, até que ponto, essa linguagem poderá contribuir para a segurança da sociedade. Se é que contribui.
Como tal, faz sentido falar do léxico e, explicar as diferenças existentes entre um simples vocábulo e um termo técnico científico. Pois, léxico não significa somente um conjunto factual e verdadeiro de um registro linguístico, isto é, de simples palavras encontradas em um dicionário; não, o léxico vai além, como conjunto virtual de todas as palavras de uma língua, ou seja, de todas as palavras da língua, criadas por processo de derivação, composição, aglutinação, justa posição, onomatopeias, hibridismo ou por processos de criação neológica, semântica, à medida que esses processos passam a dar origem a novas palavras ou novos sentidos a palavras já existentes na língua, formando o léxico da Língua portuguesa.
            Quem declara o assunto é Correia (2012), “afirmando, que uma das características universais da linguagem humana é a mudança, e que a ausência da evolução da língua pode significar a sua morte”. Almeida (2012), reafirmar que o léxico é um repertório de todas as unidades, isto é, de todas as palavras, atestadas, arcaicas e aquelas que chamamos de novíssima.
Observa-se que ambos os autores trabalham com a visão voltada ao repertório das palavras, afirmando que o léxico é vivo e constituído como um deposito de palavras da língua, pois a característica da linguagem universal é a inovação de termos, como a palavra plástico mania, criado somente para designar a mania que as pessoas têm de colocar tudo em sacolas ou sacos plásticos. Esse termo é um neologismo, ou seja, capacidade natural de renovar ou criar uma palavra a partir de um termo já existente, porém trata-se de um termo “isolado”, pois nem todos os neologismos vão ser registrados nos dicionários gerais da língua, tornando-se mera necessidade de comunicação, que como tal, têm tendência a desaparecer tão depressa como surgiu.
            Correia (2012) sustenta que a neologia traduz a capacidade natural de renovação do léxico de uma língua pela criação e incorporação de unidades novas, os neologismos. E que a neologia é a entidade, ainda, como o estudo (observação, registro, descrição e análise) dos neologismos que vão surgindo na língua. Assim sendo, o neologismo tem que surgir por uma necessidade, para realmente mais tarde tornar-se estável, com perspectivas favoráveis de fixar-se no acervo lexical.
Então, percebe-se que o neologismo é a renovação ou criação de uma unidade lexical por outra já existente na língua, porém para que, realmente torne-se parte constitutiva da língua é preciso que seja estável, fixando-se no acervo lexical e que não se constitua de um simples modismo, isto é, um termo isolado.
         As palavras mudam, outras caem em desuso, tornando-se arcaicas para uns e para outros não. Pois, uma palavra pode ser nova para um grupo, enquanto que, para outro pode ser arcaica, tornando-se uma espécie de patrimônio lexical, reutilizada quando necessária e que carece ser preservada em dicionários gerais da língua, ou dicionários históricos, pois fazem parte da identidade de um povo.
        Como tal faz sentido falar da inovação lexical, no entanto, não será possível, retratá-la de forma mais abrangente, pois o foco macro deste projeto de pesquisa é a análise da língua de especialidade da PMMA e, a produção de um glossário sistemático para estudos técnico científicos na área de língua de especialidade.


3.      REFERENCIAL TEÓRICO

        3.1  Língua e léxico: considerações sobre a renovação lexical.
           
            Aprendemos desde criança a entender, usar e criar símbolos, e a partir deles registrar nossas experiências e comunicá-las a outras pessoas, por meio do léxico.  Com isso, podemos entender a língua como um produto social, que se internaliza na mente de cada indivíduo, de uma determinada comunidade ou de um determinado grupo, tornando-se um fator indissociável.
           A fala por sua vez, é um ato individual da linguagem, sujeita a mudanças por meio de fatores linguísticos como, processos fônicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos, e de fatores extralinguísticos que causam a mudança na fala, como a localidade, idade, sexo, região e tantos outros. Já o termo linguagem visto de forma geral, significa toda forma de comunicação, seja por gesto, linguagem oral ou por signos.
           BAGNO (2003, p.16-17) afirma que “a língua é parte constitutiva da identidade individual e social de cada ser humano - em boa medida, nós somos a língua que falamos”. Portanto, se somos a língua, é natural que ocorra transformações, seja por processos semânticos, construção de palavras ou por importação de uma unidade de outra língua. 
         Várias perspectivas de análise linguística referem-se ao estudo da palavra, portanto faz-se necessário estudá-la como unidade básica do léxico, de forma científica, porém, para que haja uma compreensão da palavra, como unidade de fala, faz-se necessário o estudo dos termos: linguagem e léxico.
           Tratando-se do léxico, SAPIR (apud SERRA, p. 76), afirma que este é um “conjunto de símbolos referentes ao quadro cultural de um grupo”. Fazendo-se entender que as palavras tem o poder de identificar a identidade sociocultural de uma determinada comunidade ou de um determinado grupo de falante, que aqui, nesta pesquisa, tratar-se-á da linguagem da PM.
           Por sua vez, Alves (2007), explica que o léxico da língua portuguesa, como de toda língua é viva e renova-se constantemente. No entanto, esclarece que as de origem latina acompanham a história dessa língua desde a fase arcaica do português, e que ainda são usadas pelos falantes contemporâneos. Como exemplo cita o substantivo administração (< administrat >, õnis > “ação de prestar ajuda, execução, administração, gestão, direção”), registrado no português desde o século XVI, que ainda é amplamente usado no português contemporâneo.
           Câmara Jr. (1975) em História e Estrutura da Língua Portuguesa, assevera que ao longo do século o português vem ampliando o seu léxico, tanto com unidades lexicais mais gerais conhecidas pela maioria dos falantes, como as de especialidade, dominada por um determinado grupo. Como usuário, imagina-se que a língua é estática, homogênea, que não sofre mudanças, nem alterações. Entretanto, na linguagem tudo pode mudar seja, a morfologia, o léxico, a sintaxe e a fonologia. E, dessa forma, “a cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução: a cada momento ela é uma instituição atual e um produto do passado”. (CARVALHO, 2003, p. 16).
           Esse caráter dinâmico e heterogêneo da língua acompanha os processos de mudança sociais e históricos da sociedade. O desenvolvimento da indústria, da metalúrgica, do ensino, da medicina e de tantos outros, processam constantemente a forma crescente de um número de termos, pois toda língua precisa estar em constante modificação e adequação, porque são inúmeros os contextos em que as palavras são utilizadas por seus falantes.
            Alves (2007), pergunta como os termos são criados. Logo, exemplifica, afirmando que, além da criação de novas palavras por meio de prefixos e sufixos, a renovação lexical nos domínios de especialidade ou neologia terminológica segue os mesmos processos que presidem a formação de palavras do léxico geral, não especializado; assim de maneira análoga, explica que os neologismos da língua geral, assim como, os neologismos terminológicos são formados pelos processos vernaculares, a partir da composição, transferência semântica, da formação sintagmática, da redução e pelo empréstimo de outros idiomas. 
Segundo Alves (2007), neologia é um processo de criação lexical que pode ser classificada em fonológica, sintática e semântica.
Neologia fonológica - criação onomatopaica, formada pela combinação de uma onomatopeia com morfemas nominais ou verbais de uma língua. Ex.: zumbido/zumbir da onomatopeia zum-zum.
Neologia sintáticaderivação prefixal - criação de uma nova palavra por meio de um prefixo; sufixal – formação de uma nova palavra por meio de um sufixo; composição por aglutinação – perda de um fonema, na hora de aglutinar; e finalmente a neologia sintática por justa posição – dar-se pela criação de uma nova palavra, porém não há alteração fonética nos radicais.
Neologia semântica – quando o neologismo corresponde a uma nova associação significado -significante. Portanto, trata-se de uma palavra já existente adquirindo uma nova forma.
Através da pesquisa de campo realizada para a elaboração do glossário sistematizado, observou-se que não houve processos formadores neológicos por justa posição ou por aglutinação, entretanto foram registrados termos de processo de derivação prefixal, sufixal, neologia semântica e lexical.
·         Ex.: Embusteiro – embuste + eiro = derivação sufixal.
Aviãozinho – avião + Zinho = derivação sufixal.
·         Neologia semântica – mudanças semânticas de uma unidade lexical em contextos e discurso diferente. 
Ex. Mentiroso / impostor – embusteiro.
Ex.: Mal trajado / desarrumado – soldado mocoronga.
Ex.: Malandro / velhaco – meliante.
·         Neologismo lexical – criação de uma palavra nova ou expressões a partir de outros conceitos já existentes.
 Bateu a catolé - o trinta e oito não disparou – expressão única para arma de fogo.
 Voador – policial lerdo.
       Desta forma, o léxico de uma língua renova-se constantemente, por ser viva e sujeita a transformações, e que esta por sua vez, pode ser classificada como língua comum ou de especialidade, porém ambas passam pelos mesmos processos de formação.
          É sabido que o léxico é um campo aberto e infinito, porém o falante não dá conta de usar ou de conhecer todas as palavras que compõem o léxico, fazendo uso somente de uma parte do acervo lexical - vocabulário. 
         Assim sendo, Ferreira, (apud Dias, 1993 p. 109), afirma que, “a língua comum consiste em todo e qualquer uso do signo verbal que foge a uma significação técnica ou científica”, ou seja, a língua comum não tem um caráter específico, assim sendo, não tem a função de especificar ou de restringir qualquer área científica ou campo de saber, contudo, é uma linguagem usada no dia a dia dos falantes, como processo comunicativo.

3.2  A terminologia e a língua de especialidade: algumas considerações


           O termo Terminologia possui vários sentidos: i) termo técnico científico – que representa o conjunto das unidades lexicais típicas de uma área científica, técnica ou tecnológica; ii) representação de um campo de estudo ou disciplina. A Terminologia é uma disciplina que possui seu objeto primordial de estudo, o termo técnico-científico, embora a fraseologia especializada e a definição terminológica também integrem o horizonte da pesquisa, é o termo técnico-científico que marca a identidade da área.
         A Terminologia possui dupla face, a de estudo e de aplicação. A área de estudo refere-se ao termo técnico-científico, desenvolvimento teórico e análises descritivas; a área de atuação refere-se às chamadas áreas de aplicações terminológicas, como glossários, dicionários técnico-científicos, bancos de dados terminológicos e os sistemas de recolhimentos automáticos de terminologias.
         Assim sendo, ao longo dos anos, o processo linguístico vem sofrendo modificações, principalmente por meio do desenvolvimento intenso da ciência e da tecnologia do século XX, que fez surgir novos domínios, chamado de vocábulo específico, que por sua vez recebe o nome de língua de especialidade, por pertencer a um domínio próprio, específico de um grupo. Se surgem novas unidades lexicais, são evidentes que outros vocábulos vão caindo em desuso. Alves (2007), afirma que ao longo dos séculos, o português vem ampliando seu léxico, tanto com unidades lexicais mais gerais, conhecidas pela maioria dos falantes, como com unidades mais específicas a um domínio. 
As unidades específicas recebem várias definições, como língua científica - ligada a campo de saber, de investigação, fundados nas relações objetivas verificáveis, como é o caso da Física, Matemática, Química e Ciências; língua técnica – própria do campo de experiência, que se aplicam conhecimentos teóricos; língua profissional ou de ofício – que dão conta do campo de experiência relativa a ocupações de caráter manual ou mecânico; e língua de especialidade – sendo a mais usada dentro do ensino das línguas, para restringir, separar, especificar conhecimentos científicos e técnicos.
Como unidade lexical de especialidade pode-se citar como exemplo, os termos - Catitalugar de tráfico de drogas, Casernaquartel e Muxibapolicial lerdo; esses termos são formados por empréstimos semânticos lexical, que se originam da própria língua, passando a adquiri um significado específico, ao ser empregado a um determinado domínio.
            Dessa forma, o uso de termos técnicos é de suma importância para a precisão de conceitos dentro da comunicação profissional, porquanto, se sabe que alguns termos podem ser tanto monossêmico quanto polissêmico; como exemplo do primeiro tem-se o termo Art. 16 – que significa usuário de drogas. E do segundo o termo rancho - que dependendo do contexto pode significar fazenda, cabana, refeitório, porém, para a Polícia Militar, o significado é unívoco – lugar onde se realiza refeições. Faulstich (1995), afirma que os fenômenos variáveis ocorrem no sistema interno da língua, por meio de variação regular intrínseca, em favor de uma interpretação variacionista especializada.  Explica ainda que o termo sofre variações, por ser uma língua viva, heterogênea e social, e que a sua não evolução pode ocasionar a sua morte.

             As variantes são resultados dos diferentes usos que a comunidade, em sua diversidade social, linguística e geográfica, faz do termo. E ainda, que para descrever terminologias em variação é necessário ter em conta qual é o padrão de língua que está sendo considerado (FAULSTCHI, 1995, p. 28).

          Partindo desse entendimento, percebe-se que a variação terminológica é algo presente no Comando Militar. Assim sendo, a linguagem de um policial burocrático não é igual de um policial ostensivo, pois o policial de gabinete atua em um ambiente mais reservado, formado por livros, documentos e pessoas com grau de escolaridade alto e, por sua vez, fica em contato com uma linguagem mais monitorada e prestigiada socialmente. O policial ostensivo já não possui essa variedade mais monitorada, por estar envolvido em uma cultura mais simples e por fazer parte de um universo às vezes marginalizado.
        Como exemplo de uma linguagem técnica mais monitorada têm-se as palavras - Sargentiaçãopolicial que organiza boletim diário – e Boletinistapolicial que libera a parte burocrática de um processo. Como exemplo da linguagem técnica menos prestigiada, de uso da polícia ostensiva, têm-se - Labirinto – sequência de boca de fumo, e Bateu catolé – expressão usada quando uma arma de calibre trinta e oito não dispara.
        Essa linguagem menos rebuscada pode, dentre outros fatores, ser explicada por existir uma troca efetiva de termos entre polícia ostensiva e sistema carcerário, como por exemplo, os termos Cabeçadrogas e Fritarconsumir crack, que são de uso da linguagem carcerária, mas que estão presentes na linguagem da polícia ostensiva. A mesma coisa acontece com os termos Art. 16usuário de drogas e 171delito, que por sua vez, eram termos exclusivos dos policiais e, que há tempos foram incorporados à linguagem dos presos. Esses casos acontecem porque existe um contato direto entre polícia e bandido, presos e presídios, advogados e meliantes, que acabam deixando passar termos de uso técnico, fazendo acontecer uma troca de mão dupla. 
        Carvalho (1973) afirma que a linguagem técnica compreende todas as entidades lexicais que designam os movimentos, os processos, os objetos, quer como objeto de conhecimento, quer como instrumento ou produto, e que essa linguagem técnica, também abrange todos os conceitos, abstratos ou concretos, implicados nessa atividade, quer sejam exclusivos delas, quer também partilhados por elas.
        O autor ainda afirma que essas entidades lexicais caracterizam-se de forma peculiar, técnica e restrita na relação entre quem passa e quem recebe a mensagem, tornando-se um conjunto realmente próprio de um domínio particular de um saber, de uma área, de uma ciência, de um grupo, de uma comunidade ou de um campo de trabalho “profissão”. A qualidade do funcionamento do léxico especializado tecnológico, contratual faz com que, cada vez mais, a Terminologia assuma relevância na e para a sociedade atual, pois suas normas estão intimamente relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico. 
         Assim, observa-se que a Terminologia é um campo de estudo de caráter inter e transdisciplinar, ou seja, realiza-se entre outros ou mais conhecimentos internos ou externos, para tanto, faz-se necessário o estudo da Terminografia, Lexicologia e Lexicográfica, pois, a proposta desta pesquisa é a elaboração de um glossário sistemático, contendo os termos específicos da linguagem intrínseca e social da PMMA. 
         Diante disso, tem-se primeiro que analisar a Terminografia, que toma o termo como objeto de descrição (significante) e aplicação (significado), definindo-o, o seu uso profissional. Assim sendo, a Terminografia tem como objeto de estudo a identificação e delimitação de conceitos próprios de uma arte, ciência, e por sua vez designa cada um deles por um determinado vocábulo.  
Já a Lexicologia tem como objeto de estudo, o acervo científico do léxico, ou seja, o estudo das palavras de uma língua. BIDERMAN (2001, p. 21) afirma “que o objeto de estudo básico da Lexicologia é a palavra, a categorização lexical e a sua estrutura”. Já o dicionário Houaiss (2001, p.32), explica que:

                         a Lexicologia é a parte da linguística que estuda o vocábulo quanto ao seu significado, a sua constituição mórfica, suas variações flexionais, sua classificação formal ou semântico em relação a outros vocábulos da mesma língua, ou comparado com os de outra língua, em perspectiva sincrônica ou diacrônica.

            A Lexicografia, por seu turno, é definida como a arte ou técnica de compor dicionários e, tomando novamente a definição de HOUAISS (2001, p. 32), a Lexicografia é o “estudo científico e analítico das técnicas de elaboração dos dicionários, que trabalha com os princípios de seleção de vocabulários, classificação dos vocábulos e definição e descrição dos vocábulos”. A partir dessas questões, vale ressaltar que cada termo desses especificado no corpus dessa pesquisa é importante para a análise da língua de especialidade da PM, pois, sem o conhecimento do sistema lexical da língua, não se poderia examinar e fazer um trabalho aplicado sobre o tema desta pesquisa, Um estudo semântico/lexical da linguagem da Polícia Militar do Maranhão.

4.       METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

         Este projeto consiste em uma pesquisa explicativa, de campo e bibliográfica, que surge de uma necessidade comprobatória de analisar a linguagem inerente da Polícia Militar do Maranhão – PMMA, com o objetivo de saber se existe realmente uma língua de especialidade e, se há variação linguistica entre a estrutura e os termos dessa linguagem intrínseca e social. Assim sendo, este projeto toma como fonte de pesquisa o Comando Geral da Polícia Militar do Maranhão, situado na Avenida Jerônimo de Albuquerque S/N – Calhau, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOPS) - Vila Palmeira, e a delegacia de polícia, situado na Rua 203, Unidade 203, no Bairro da Cidade Operária, São Luís-MA.
    
      3.2. Universo e amostra
           O universo será a linguagem inerente utilizada pela Polícia Militar do Maranhão, que usa como comunicação entre si um registro sócio cultural linguístico próprio, capaz de estabelecer comunicação entre os membros desse grupo. Assim sendo, Serão analisadas várias formas de comunicação por meio de entrevistas feitas diretas ao Comando Geral da Polícia Militar do Maranhão.

     3.3. Instrumentos de coletas de dados

            Os instrumentos utilizados para a coleta de dados serão entrevistas realizadas entre policiais e pesquisas bibliográficas que relatam a história da PMMA, que servirão para análise desta pesquisa, de forma clara e objetiva, levando em consideração os aspectos sociais, e a linguagem própria desse grupo.

5.      RECURSOS

RECURSOS UTILIZADOS
RECURSOS
ESPECIFICAÇÕES
VALOR
Recursos humanos
Digitador
R$ 6,00
Normalização
R$ 6,00
Impressão
R$ 7,50
Gravação de CD-R
R$ 2,50
Recursos materiais
Crédito no celular
R$ 20,00
Internet
R$ 60,00
Aluguel data show
R$ 100,00
Encadernação
R$ 5,00
Xérox
R$ 3,00
Recursos financeiros
TOTAL
R$ 210,00
Nota: Recurso utilizado para PROJETO com 15f.
 
  
6.      CRONOGRAMA

ATIVIDADES
04/2013
05/2013
06/2013
Pesquisa bibliográfica



Redação, digitação e normalização do PROJETO



Entrega do PROJETO



Defesa do TCC





REFERENCIAS

ALVES, Ieda. Maria. A renovação lexical nos domínios de especialidade. Ciência e cultura. São Paulo, 2006. Disponível em: http://tinyurl.com/644873k Acesso em 20 de novembro de 2012.
BAGNO, MARCOS. A norma oculta. São Paulo: Parábola, 2003.
BARROS, Lídia Almeida. Curso básico de terminologia. São Paulo: EDUSP, 2004.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Introdução: as ciências do léxico. In: OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de. ISQUERDO, Aparecida Negri. (Orgs). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Terminografia. 2. Ed. Campo Grande: Editora UFMS, 2001, p. 13-22.
CABRÉ. M.T. (1993) – La Terminologia. Teoria, metodologia, aplicaciones Barcelona, Editora Antártida/Empúreis, 1993.
CÂMARA JR, J.M. Dicionário de Linguística e gramática. Petrópolis: Vozes. 1981.
CÂMARA JR, Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2. Ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1976.
CORREIA, MARGARITA. Neologia em português. São Paulo: Parábola, 2012.
CARVALHO, N. Empréstimos linguísticos. São Paulo: Ática 1989.
FAULSTICH, E. A socioterminologia na comunicação científica e técnica. Ciência e Cultura. Vol. 58, 2006. Disponível em http://tinyurl.com/6j2xolc. Acesso em 20 de novembro de 2012
HOUAISS, Antonio. Dicionário, Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, 2001.
J.R.S, TENENTE - CORONEL. Entrevista concedida pelo Comando Geral da PMMA ao autor deste artigo. São Luís, 2012.
KRIEGER, M. G.; M. J. B. FINATO. Introdução à Terminologia: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2004.
QUEIROZ, DIAS TÂNIA, Dicionário de Pedagogia, São Paulo: Rideell, 2008.
SAPIR, E. Linguística como ciência: ensaios. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961.
SAUSSURE, FERDINAND DE. (2006). Curso de linguísta geral. 27. Ed. São Paulo: Cultrix.
 Ciência e Cultura. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si/si.htm. Acesso em 20 de maio de 2013.









[1] Segundo CORREIA, (2012, p. 68), o termo Importação é usado para designar a inclusão de unidades importadas, normalmente, produzidos em sistemas linguísticos distintos do nosso, e como tal, apresentam características formais que, além de as tornarem opacas, são violadoras do sistema linguístico importador.

[2] Polícia militar que presta serviço à população pelo