terça-feira, 27 de março de 2012

Uma resenha de literatura para quê? - Antonie Compagnon – Editora UFMG, 2009.

                                                  

 Uma resenha de  Literatura para quê? - Antonie Compagnon –                                    Editora UFMG, 2009.  

  
Em agosto de 2009 foi editada a aula inaugural de Antonie Compagnon, pela editora UFMG, com o tema “Literatura para quê?”, aula que foi realizada em novembro de 2006 no renomado Collège de France (Estabelecimento de Ensino Superior fundado em Paris), durante a inauguração da cátedra da Literatura Francesa, Moderna e Contemporânea, enfatizando a história, crítica e tória da mesma.             
Tudo começa quando um aluno de engenharia de 18 anos é convidado a se fazer presente a um conceituado Estabelecimento de Ensino, por convite da mãe do seu melhor amigo. Apartir desse momento algo vai fazer retroceder o pensamento de Antonie Compagnon.
Chegando ao tão conceituado Collège, depara-se com “Roman Jakobson, linguísta e especialista de poética - que atravessa o século XX”, a analisar minuciosamente um soneto de DUBELLAY.Neste momento Antonie começa a se interrogar: será que posso refazer-me dessa visita? Tudo passou a ser diferente, apartir daquele momento; não tendo mais a visão para a ciência da engenharia, voltando-se completamente para a arte da literatura.
Assim apaixonou-se pela literatura, como se a mesma fosse uma garota de dezoito anos. E de repente depara-se com ele mesmo e com gigantes [grandes oradores], e começa a perguntar-se, se estes não poderiam perceber as suas incongruências (que peca contra as regras do saber), depois desabafa consigo mesmo, afirmando que, "o impostor seria o professor seguro de si", aquele que saberia antes de pesquisar.
Entretanto a certeza do fazer correto fazia com que este se sobressaísse de maneira brilhante em sua nova decisão, não como estudante de engenharia ou engenheiro, mas sim, como um homem letrado, que usa o conhecimento ao seu favor e em favor da sociedade.   
E assim o ensino do Collège de França acelerou a conversão tardia de Antonie Compagnon, saindo da engenharia para a eloquencia das letras, passando a possuir valor inversamente proporcional ao seu tamanho; escrevendo cinquenta e sete páginas sobre a “pertinência do pensamento literário”, passando por Focaut e Barthes, Calvino e Proust, em uma época em que a aceleração digital fragmenta o tempo disponível dos livros. (Compagnon 2009, p. 21).
A conferência que aconteceu nesta conceituada escola, vem assim mover pensamentos relevantes sobre a necessidade da literatura em nossas Instituições, não como forma somente de disciplina (forma, pela forma), mas como meio de associá-las ao contexto social, fazendo com que esta seja o espelho da realidade sendo perpassada através do espírito do artista, retratando todo um contexto com perspicácia, quer dizer com agudeza de espírito.
Após a apresentação protocolar, Compagnon direciona-se a todos com a incumbência de responder a interrogação colocada como titulo do texto de maneira legitima e clara. Para tanto divide sua exposição em duas questões: “por que e como falar de Literatura Francesa, Moderna e Contemporânea no século XXI? (Compagnon 2009, p.13).
Segundo o professor o porquê é mais difícil de tratar; o aparato sendo indicado como mais tradicional nas discussões sobre literatura oscilaria entre a tradição teórica, que a considera um valor eterno, universal e muitas vezes imutável, e uma tradição histórica que ver na literatura distanciada em seu tempo e lugar de origem. Acredito que essa divisão também poderia ser observada na oposição entre retórica ou poética e história literária ou filologia. A sucessão de Cátedras de Literatura Francesa ora pendia para um ramo de estudo, ora pendia para outro. Mas, no final do século XX, a velha disputa “discussão e a troca de palavras violentas entre história e teoria”, não mais teve razão de ser.
Teoria e história de acordo com o professor, não mais serão como duas épocas da critica, [clássica e romântica, ou universalista e relativista]; não quererá dizer nem doutrina nem sistema, mas “atenção às noções elementares da disciplina, elucidação dos preconceitos de toda a pesquisa ou ainda, perplexidade metodológica. Enquanto que história significará menos cronologia, e às palavras literatura moderna e contemporânea para este, significa marca temporais e periódicas; mas, sobretudo assinalam o desafio que afasta e aproxima eternamente literatura a modernidade. (Compagnon 2009, p.18 e 19).
A literatura só terá sentido com o elo entre teoria, história e critica, tornando-se essenciais para amarrar o estudo literário. Ou para reatar com ele a plenitude do seu sentido; levando em consideração que toda leitura (erudita) deve ser justificada, estudada e elaborada, sendo esta (literatura) um instrumento de comunicação e de interação social, cumprindo o papel de transmitir o conhecimento e a cultura de uma comunidade.
O que é mais importante, saber o conceito de literatura ou pra que estudar literatura? Assim Antonie, abre o entendimento do ser humano para uma possível sucessão da teoria pela critica literária. Pois, o autor de literatura pra quê, discorre todo tempo sobre a “capacidade do texto literário em proporcionar uma plenitude existencial ao individuo”.
 Cada citação é um grau de luz, uma instrução que substitui a experiência; cada aventura é um modelo seguido "o qual podemos formar”. (Compagnon, 2009, p. 32). Este víeis é somente a construção da criticidade do leitor a cerca do viver e principalmente da construção da identidade, pois a percepção de si passa pela apreensão do outro.
 A literatura não é a língua da alusão? Para entende-la é preciso [está dentro], como se dizia em casa de Madame Verdurin. A alusão transcrita neste parágrafo é nada mais que “exclusão”, não no sentido literal, mas no sentido figurado.  (Compagnon 2009, p. 23).
A literatura deve portanto, ser lida e estudada porque oferece meios de preservar e transmitir a experiência dos outros, àqueles que estão distante de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida.
  Ela nos ensina a melhor sentir. E como nossos sentidos não têm limites, jamais conclui, fica aberta como um Ensaio de Montaigne. Isso depois de nos ter feito ver, respirar ou tocar as incertezas e as indecisões, as complicações e os paradoxos que se escondem atrás das ações da nossa tão inquietante Literatura.
Sabemos que a Literaturaa não é mais o centro da cultura na comtemporaneidade, porém esta, ainda fornece um ângulo de visão aguçado, uma perspectiva para além. A Literatura leva a uma realidade impírica através da ficção.
 Concluímos então que, a literatura aparece como elemento humanizador, pois esta teria sua criticidade desenvolvida com a impultação de sentido ao texto e por conseguinte, a possibilidade de atribuir sentidos mais duradouros e relevantes ao ser humano. 


Edwilson Bezerra
Graduando em Letras pela FAMA
edwilson_bezerra@hotmail.com